Quando pensamos em gastronomia transformadora, muitas vezes lembramos apenas do prato servido à mesa, mas por trás dele existe uma rede de pessoas, iniciativas e idealismos que impulsionam algo maior. É justamente desse lugar de sonho, engajamento e responsabilidade que nasceu o Instituto Manu Buffara.

Manoella “Manu” Buffara cresceu no campo, em uma fazenda, com o contato constante com a terra, os animais e os ciclos da natureza. Na infância, aprendeu valores como respeito pelo alimento, pela generosidade e pela simplicidade. Com o tempo, essas raízes rurais se transformaram na bússola de sua trajetória: cada passo adiante remetia ao desejo de retornar, dar voz e dignidade às pessoas e comunidades ao seu redor.
Antes de se tornar chef renomada, Manu chegou a cursar jornalismo. Mas a gastronomia a chamou, ela se formou em culinária, fez especializações na Itália e passou por experiências internacionais (inclusive no Noma, na Dinamarca) antes de voltar ao Brasil para construir uma cozinha que refletisse sua identidade.
Em 2011, Manu abriu o restaurante Manu em Curitiba, pequeno, exclusivo, com foco em ingredientes locais e sustentabilidade. Ao longo dos anos, esse esforço se tornou também uma plataforma de impacto além da gastronomia: projetos sociais, hortas urbanas, doação de alimentos, educação nutricional.

Até meados de 2020, as iniciativas sociais de Manu ainda estavam dispersas, muitas vezes realizadas de maneira independente e espontânea. Mas com a pandemia, a urgência social se intensificou, a insegurança alimentar, o desemprego e a desigualdade e ficou claro que era necessário profissionalizar e estruturar essas iniciativas para que pudessem crescer com credibilidade e escala. Foi nesse contexto que o Instituto Manu Buffara foi formalizado em 2020, reunindo sob um mesmo guarda-chuva os diferentes projetos e esforços sociais da chef.
Desde então, o instituto atua como associação privada sem fins lucrativos, com forte compromisso com transparência, ética e participação comunitária. Sua missão está centrada em garantir “comida de verdade, educação e dignidade” a famílias em vulnerabilidade, conectando voluntários, parceiros, empresas e comunidades.

O Instituto reúne projetos diversos que dialogam entre si. Alguns destaques:
Alimenta Curitiba: evento anual que distribui alimentos para regiões vulneráveis, promovendo também atividades educativas e de inclusão social.
Mulheres do Bem: uma rede que mobiliza chefs, comunicadoras e produtoras para cozinhar refeições saudáveis para pessoas em situação de rua.
Hortas urbanas e jardins comunitários: transformar terrenos abandonados em áreas cultiváveis, conectando moradores ao alimento que consomem.
Ações educacionais: oficinas, palestras e vivências relacionadas à alimentação, desperdício, valorização da cultura alimentar local.
Esses projetos buscam não só amenizar emergências (fome, insegurança) mas também fomentar autonomia, autoestima e formação de redes solidárias.

Alguns valores são centrais à razão de ser do Instituto:
Transparência e governança ética: cada recurso doado é destinado diretamente às famílias e projetos, com prestação de contas clara.
Integração entre gastronomia e ação social: a cozinha, os produtores, os alimentos, os territórios — tudo conversa num ecossistema.
Sustentabilidade: uso consciente de recursos, valorização de insumos locais, redução de desperdício, respeito ao meio ambiente.
Dignidade e protagonismo: não se trata de caridade pontual, mas de fortalecer comunidades para terem voz e vez.

Desde sua fundação formal em 2020, o Instituto já mobilizou centenas de famílias, voluntários e parceiros. Mesmo antes disso, as ações sociais de Manu já vinham marcando presença de forma orgânica. Hoje, o Instituto dá base institucional para que esses esforços cresçam de forma sustentável e duradoura.
O desafio agora é escalar com responsabilidade — alcançar novos territórios, captar mais recursos, formar lideranças locais, diversificar parcerias. O horizonte ideal é que o Instituto Manu Buffara deixe de ser apenas um braço social da trajetória da chef, e se estabeleça como uma referência de transformação comunitária, construindo pontes entre o alimento, o reconhecimento cultural e a justiça social.
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